O mercado de compras coletivas é o que mais cresce na Internet brasileira. A cada dia que passa mais players entram querendo uma parcela deste mercado tão competitivo. E não é a toa que a concorrência é enorme, desde o mês de Junho o crescimento foi de 231%. Alguns tentam inovar, ou copiar algo diferente dos serviços gringos, mas basicamente o princípio sempre é o mesmo, descontos para compras coletivas.
E seguindo o exemplo do mercado americano, começam a surgir os primeiros exemplos de proprietários de negócios tendo problemas por não conseguir suprir a super demanda gerada por estes serviços. Na última semana, na Gazeta do Povo vimos um artigo onde Eugênio Foganholo, diretor daMixxer Desenvolvimento Empresarial, uma consultoria especializada em bens de consumo e varejo, alertou sobre o risco no mercado de compras coletivas para as empresas que participam das promoções.
“O empresário precisa analisar bem para o tiro não sair pela culatra. Pontos como capacidade de atendimento num curto prazo e poder de reter o cliente são fundamentais para que a ação não se torne prejudicial”
Outras pessoas falam sobre o assunto, dizem que é preciso ter cuidado para não deixar o consumidor mau-acostumado com as promoções, fazendo com que eles tenham rejeição quando são cobrados os preços normais. Lembrando também que em alguns serviços, 50% do valor do cupom vai realmente para os empresários, mesmo assim ele não recebe esse valor logo depois, uma parte é recebida depois de 30 dias e outra somente 60 dias, e tudo de acordo com o uso dos cupons. Ou seja, em alguns serviços, a receita dos cupons não utilizados fica com a empresa que divulga a oferta.
Temos também o exemplo da falta de infra-estrutura e preparação. Bruno Barros, gerente da rede de fast-food Vininha, fechou negócio com um grande player de compras coletivas como uma parte da estratégia de expansão da empresa, que vai abrir 8 lojas em Curitiba e região até o final do ano. O objetivo era testar e aumentar o volume de atendimentos. A rede de fast-food rapidamente se tornou uma empresa recordista de vendas em Curitiba, onde foram mais de 5 mil cupons vendidos.
“Nós tínhamos uma proposta bem definida. Financeiramente, não ocorre retorno imediato, podendo chegar ao ponto de desembolsar um valor para trazer novos clientes. Mas vale para aumentar a base de clientes. Nossa expectativa é que 80% das pessoas voltem”.
Mas o que aconteceu foi que o teste foi bem traiçoeiro, o empresário não esperava que o sucesso fosse tão grande:
“Como é novidade no Brasil, as pessoas não têm a cultura de usar o cupom a longo prazo Os três primeiros dias foram o caos. Tivemos que reenviar um e-mail para base reagendando a entrega. Também tivemos que administrar difamação nas redes sociais. Demorou uma semana para estar tudo normalizado”
Mas nem todos os testes são positivos. O empresário Nelson Paes, dono do restaurante japonês Sushimaker, não aprovou sua participação nas compras coletivas. Segundo ele os 3 mil cupons comercializados atraíram apenas “clientes de oportunidade,” fazendo com que o retorno fosse pequeno em relação ao investimento.
“Esse tipo de anúncio é muito ilusório. Hoje, existe uma rede de pessoas flutuantes que busca oportunidades. Cerca de 90% das pessoas não voltam. No meu caso, foi prejudicial. O empresário tem que fazer uma avaliação, pois existem outros mecanismos mais inteligentes”
Realmente, é preciso muito planejamento e estratégia para divulgar sua empresa nos sites de compras coletivas. Os empresários devem mensurar a margem de lucro e calcular o retorno sobre o investimento, além de preparar seus empregados para receber com qualidade todas essas pessoas, já que ele depende disso para que os “clientes de oportunidade” voltem a comprar, tornando-se uma oportunidade para clientes. Isso não é para qualquer tipo de varejo, mas para o comércio que planeja uma campanha de divulgação e posicionamento de marca, é uma boa pedida.
E vocês, o que acham? As compras coletivas são positivas apenas para os usuários e serviços, ou também para os pequenos e médios empresários?