domingo, 19 de junho de 2011

Marketing Digital - Os 3 mitos do Marketing Digital

Não pude deixar de replicar este desabafo de um profissional de Marketing, que pela exposição, demonstra o pensamento da maioria de nós, consultores da área.


Paulo Rubini
Digital Marketing Consulting

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Os três grandes mitos do marketing digital


Não é à toa que o marketing digital se tornou uma das prioridades nos investimentos em publicidade e propaganda. É uma forma prática, dinâmica e acessível para empresas dequalquer porte ou segmento promover seus negócios e manter contato com clientes e consumidores. Um bom exemplo é o Google Adwords, um canal de publicidade em que uma pessoa com algumas horas de treinamento é capaz de criar e gerenciar seu próprio anúncio de publicidade. Outro mais recente é a Like Store do Facebook, em que é possível não só divulgar, mas vender os produtos diretamente na fan page.
De tanto ler, ver e ouvir falar sobre essas aparentes facilidades, empresários e gestores passaram a acreditar em “mitos” que conferem poderes sobrenaturais ao marketing digital. Com base em experiências pessoais, vou relatar três dos mitos mais comuns.
Mito 1: É possível fazer marketing digital sem Marketing
Recentemente fui consultado para o lançamento de um novo site de compras coletivas. Ao ser apresentado ao projeto, fiquei preocupado com o fato de não haver praticamente nenhuma característica que o distinguisse de outras centenas de sites da categoria. Levantei a questão e me surpreendi com a resposta. Para os empreendedores, relevante não era ter um diferencial para se destacar dos concorrentes, mas sim uma propaganda boa o suficiente para chamar atenção e gerar tráfego.
Assim como eles, muitas outras empresas se enganam ao pensar que só publicidade é capaz de fazer de qualquer produto um sucesso. Ela pode até gerar visibilidade para a empresa ou produto por um determinado período, mas não se sustenta ao longo do tempo.
Banners, links patrocinados, ações em redes sociais, newsletters e outras iniciativas online só funcionam se fizerem parte de um mix de marketing abrangendo pesquisa de mercado e público-alvo, análise de oportunidades, definição de uma estratégia de diferenciação para o produto, política de preços, canais de venda e monitoramento dos resultados por meio de indicadores. Quanto mais este Marketing estiver estruturado, maior o potencial da publicidade realizada através do marketing digital gerar retorno efetivo.
Mito 2: Marketing digital é a solução milagrosa para meus problemas
O dono de um site de camisetas personalizadas nos procurou para saber como poderíamos ajudá-lo a alcançar seus concorrentes, que estavam “bombando” nas vendas. Antes de eu terminar de explicar como funcionava nosso trabalho ele já me questionava sobre os resultados. Na sua visão, a conta era simples: “minhas vendas não estão indo bem, então vou investir X em uma agência de marketing digital e eles vão aumentar meu faturamento em 10X”.
Isso pode até acontecer, mas não basta somente contratar a agência e esperar os resultados. Antes de mais nada, o trabalho de um profissional de marketing é compreender por que as vendas estão baixas. Quais os pontos fortes dos concorrentes, quais os pontos fracos da sua empresa e o que o cliente em potencial está procurando, de modo a estabelecer uma estratégia e um plano de ação envolvendo tanto iniciativas online quanto off-line.
No caso em particular detectamos que a loja era praticamente desconhecida, enquanto o principal concorrente era um conhecido case de loja inovadora, inclusive com várias matérias na imprensa nacional e internacional. Seu produto era de qualidade e o preço até abaixo do que a média, mas as estampas não chamavam atenção. Por outro lado, outras lojas apresentavam camisetas segmentadas de acordo com o gosto do cliente (filmes, atores, bandas de rock) ou permitiam que a própria pessoa criasse sua estampa personalizada. As vendas eram limitadas ao site, enquanto a concorrência comercializava suas camisetas em outros sites e redes de varejo.
Para alcançar o tão almejado resultado, portanto, seria necessário investir não só em publicidade mas em um reposicionamento da marca e de sua atuação no mercado, o que não estava nos planos da empresa. Ou seja, a conta não era tão simples de fechar quanto inicialmente parecia.
3. Fazer marketing digital custa uma mixaria ou sai até de graça
Uma metalúrgica interessada em fazer publicidade por meio de links patrocinados solicitou uma proposta. Fiz uma apresentação para a diretoria, explicando os detalhes de como o trabalho funcionava, o orçamento estimado para campanha e o valor do nosso trabalho de gerenciamento.
“Mas se já estamos pagando para o Google, para que pagar também a você?”, foi o questionamento de um dos diretores, quase ofendido pelo fato de eu cobrar por um serviço que ele considerava gratuito. “Afinal o Google não é de graça?”
Não adiantou tentar explicar que o “investimento” era destinado a remunerar os profissionais responsáveis pelo gerenciamento da campanha. Para dizer a verdade até hoje não sei nem por que me chamaram lá, se eles mesmos podiam fazer o serviço “de graça”.
Assim como o Google, muitos sites oferecem recursos gratuitos, contribuindo para a percepção de que marketing digital é “barato” ou mesmo “na faixa”. Na verdade os sites colocam à disposição algumas ferramentas gratuitas que, utilizadas por um bom profissional, são capazes de gerar bons resultados. Nesse sentido, comparado com a propaganda em jornais, revistas ou TV, o investimento no marketing digital é muito menor.
Mesmo o caso de pequenos empresários que conseguem promover seus negócios nas redes sociais “sem gastar nada” nas redes sociais, por exemplo, na verdade investiram muito do seu tempo (um dos ativos mais valiosos de hoje) em aprender os recursos dos sites e em interagir com os clientes e consumidores.
Em vez de “barato” ou “caro”, a empresa deveria avaliar o custo-benefício das ações de marketing digital comparado às alternativas.
Os relatos acima podem soar como desabafo, e de uma certa forma são mesmo. Mas também servem de alerta para as empresas que estão investindo ou pensam em investir em marketing digital. Comparado com outras formas de publicidade e propaganda ele pode ser mais simples, ágil e apresentar custo menor, mas os resultados sempre vão depender do trabalho de profissionais (internos ou externos), dos recursos investidos e de muitos testes e avaliações.
Como os americanos costumam dizer: “no pain, no gain” (sem dor não há ganhos). O marketing digital não é exceção.
Este artigo é de Silvio Tanabe

terça-feira, 14 de junho de 2011

Raciocínio Estratégico como processo contínuo dentro e fora da internet

Um pensador estratégico melhora continuamente sua percepção do grande ecossistema no qual ele atua. Ele compreende as estratégias de sua empresa e de sua concorrência.

“Pense em seus clientes, concorrentes e em sua empresa.
O futuro influencia o presente tanto quanto o passado.” – Friedrich Nietzsche

Ao raciocinar estrategicamente, você precisa levar em conta não só o que está acontecendo externamente à sua empresa, mas, também, o que está acontecendo com ela própria. Isso significa manter-se a par das necessidades dos clientes, das ações da concorrência e das tendências do mercado no qual você atua. Sua função determina o quanto você deve tornar esse fator uma prioridade

Para avaliar a movimentação externa, em relação à sua empresa, faça as seguintes perguntas:

Clientes. Quem são seus clientes e o que eles valorizam? Como suas necessidades podem evoluir?

Concorrência. Quem são os nossos atuais concorrentes e quais táticas eles estão utilizando? Em que somos diferentes deles? Quais forças eles têm que podem nos ameaçar? Quais fraquezas eles demonstram ter, que podemos explorar?

Empresa. Quais tendências – em termos de tecnologia, política do governo, recursos naturais e outras forças-chave que moldam nosso setor – poderiam ter implicações importantes em nosso negócio?

Pesquisas de mercado, grupos de foco e outros métodos podem ajudá-lo a conseguir as respostas a essas perguntas. Muitos insights são fornecidos gratuitamente pelo Google. O Google alerts, por exemplo, é uma ótima ferramenta de monitoramento.
Você pode obter informações sobre empresas concorrentes tornando-se cliente deles, lendo relatórios analíticos (de empresas de capital aberto), e mantendo uma rede de relacionamentos com outros profissionais que estão familiarizados com a concorrência.

Você pode ficar a par dessas informações lendo uma série de publicações empresariais, conversando com outros profissionais bem informados, e participando de associações comerciais e profissionais.

Processo contínuo

Fase 1: Preparando o terreno
Nessa fase, você observa as implicações mais abrangentes das propostas e define seus objetivos para raciocinar estrategicamente. Essa fase inclui:

Ter visão panorâmica – compreender o amplo ambiente em que está atuando – On/Off line.

Definir objetivos estratégicos – determinar o que você espera alcançar pensando estrategicamente – Posicionamento, definição de metas, métricas e ROI.

Fase 2: Aplicando suas habilidades
Uma vez preparado o terreno, você coloca os princípios do raciocínio estratégico em prática para gerar resultados. Esta fase inclui:

Identificar relações, padrões e tendências – encontrar padrões em eventos visivelmente desconexos e classificar a informação relativa a eles para reduzir a quantidade de assuntos com os quais você vai ter de lidar ao mesmo tempo. Lembre-se de que sua empresa não precisa participar de todas as centenas de redes sociais, mas apenas daquelas onde poderá interagir com seu público.
 
Raciocinar de forma criativa – criar alternativas, visualizar novas possibilidades, questionar seus conceitos e manter-se aberto a novas informações.

Analisar informações – classificar e priorizar as informações mais importantes ao tomar uma decisão, gerenciar um projeto, lidar com conflitos e assim por diante.

Priorizar suas ações – manter o foco em seus objetivos ao lidar com múltiplas exigências e prioridades.

Fazer trade-offs – reconhecer as possíveis vantagens e desvantagens de uma idéia ou de um plano de ação, fazer escolhas quanto ao que deve ou não fazer, e manter o equilíbrio entre exigências de curto e longo prazo.

Targeted Marketing - Banners ou promoções focadas em função da análise do público, procurando uma faixa específica do mercado. Ações buscando públicos segmentados.

Para finalizar, fique com as dicas valiosas de Guy Kavasaki, o cara do Marketing de Guerrilha, que cabem na sua visão estratégica:

MEXA-SE – Não se preserva a liderança pelo que o produto é hoje, e sim, pela capacidade de mantê-lo permanentemente atualizado.”

MUDE AS REGRAS DO JOGO – Se com as atuais regras você só vai perder, sem nenhum constrangimento ou vergonha, mude as regras do jogo. Mude a distribuição, troque a embalagem, mexa no preço, repense a comunicação, vá atrás de novas vantagens e diferenciais…”

BUSQUE NICHOS AO INVÉS DE PEDAÇOS – O market share sempre é decorrência de um nicho corretamente identificado e primorosamente aproveitado. Na maioria das vezes, e por mais incrível que possa parecer, QUANTO MENOR, MAIOR.”

SEJA FLEXÍVEL – A cada momento uma nova atitude. Procure acompanhar o ciclo de vida e velocidade da sua empresa e de seus produtos.”

Ao longo de muitos anos atuando como consultor de marketing, percebi que a internet não é apenas um meio, mas um mundo próprio e interligado com o mundo de tijolos. Essa é a visão 360º que passamos para nossos clientes quando o assunto é visão estratégica.

Paulo Rubini
Digital Marketing Consulting  

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Cacau Show - Um case de empreendedorismo de dar água na boca

Lí a entrevista abaixo e não pude deixar passar a oportunidade de repassar-lhes tão estimulante e rico material.

Como escreve a jornalista, Alexandre Tadeu da Costa, fundador da Cacau Show aos 17 anos, se nascido dos EUA, seria um Mark Zuckerberg.


A conferir e aproveitar o ensinamento de quem sabe o que diz.


* meus os grifos
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A receita do sucesso da Cacau Show

Na empresa, a oferta para consumo próprio e para presente se baseia em um modelo de negócio que inclui a trufa de R$ 1 como produto de entrada

Por HSM Management, do Mundo do Marketing | 02/06/2011
pauta@mundodomarketing.com.br
Se você, leitor, fizer uma degustação cega de chocolates, confundirá um produto Cacau Show com um suíço como o da Lindt? A resposta correta é sim – por exemplo, se o produto Cacau Show for o Mais Leite. É que as diferenças básicas entre chocolates europeus e brasileiros estão no uso, no Velho Mundo, de açúcar de beterraba e leite mais gordo e o Mais Leite se faz com leite importado de lá.
Por conta do nome, a Cacau Show até pode ter sido confundida com empresa de shows de samba com mulatas, mas o fato é que essa organização fundada em 1988, que hoje tem mais de mil funcionários e mil lojas, receita de R$ 400 milhões em 2010 (ou R$ 1 bilhão, se contabilizado o movimento das lojas), 96% de reconhecimento de marca e produtos sofisticados como o Mais Leite, tem uma gestão empreendedora respeitável.
A entrevista em que o fundador e presidente Alexandre Tadeu da Costa detalha isso, concedida com exclusividade à editora-executiva Adriana Salles Gomes, foi realizada com a fábrica trabalhando a toda em função da Páscoa – a empresa detém 10% do mercado de ovos de chocolate. No prédio-sede, que combina com bom gosto madeiras claras e escuras como se fossem chocolates, Tadeu da Costa detalhou seu modelo de negócio do “luxo democrático e feliz”, nos moldes do posicionamento das sandálias Havaianas, os desafios que isso impõe e seus planos de expansão, que incluem uma fazenda de cacau e uma fábrica de chocolates na Bélgica, além de outra novidade guardada a sete chaves.
Às vezes, ficamos procurando nossos Steve Jobs, Bill Gates e Mark Zuckerberg na tecnologia, mas talvez, no Brasil, eles se encontrem em outros ramos. Alexandre Tadeu da Costa fundou sua empresa aos 17 anos de idade.
Você fundou sua empresa com 17 anos? Se fosse na Califórnia do século 21, você seria o Mark Zuckerberg? [risos] 
É, mas eu não era muito nerd... eu era cabeludo, guitarrista, jogador de vôlei federado. E minha família era muito humilde – meu pai, tecelão; minha mãe, vendedora porta a porta –, então, trabalho para mim era algo que tinha muito valor e, junto com criatividade e ousadia, sempre tive disciplina. Por exemplo, aos 13 anos, eu calibrava pneus num posto de gasolina às sextas-feiras – foi como comprei minha primeira bicicleta. Aos 14, quando minha mãe criou a Cacau Show, eu pegava os pedidos com as vendedoras porta a porta, passava ao fabricante e, quando vinha, punha o produto dentro da caixa, faturava etc.
Aí meus pais descontinuaram o negócio e eu, então com 17 anos, pedi que me deixassem tocá-lo. Peguei uns US$ 500 emprestados de um tio e vendi 2 mil ovos de chocolate. Aí ganhei dos meus pais um Fusca branco 1978.
Por que você fez isso? Pelo Fusca?
Também [risos]. O Fusca ajudou o negócio porque pude me movimentar melhor, comprando a matéria-prima de manhã e vendendo o chocolate de
 tarde para as padarias. Mas o grande pulo do gato foi o que descobri quando comprei as barras para fazer os 2 mil ovos: a diferença de preço entre 1 quilo de chocolate e 1 quilo de bombom fino feito dele era de mais de 10 vezes –ou seja, o que se comprava por 10 conseguia-se vender por 100. Logo vi que era uma margem grande demais e que, se eu comprasse por 10 e vendesse por 20, ainda seria um ótimo negócio. Foi o que fiz, numa salinha 3 por 4 metros, dentro da empresa dos meus pais.

O maior pulo do gato não foram as franquias, em 2003? 
As franquias nos deram visibilidade até que a marca estourou, três anos atrás. O pulo foi por acaso. Já tínhamos duas marcas em 2003: a Cacau Show, de venda porta a porta, e a Gardner, que criamos para varejo em geral, para a vendedora por catálogo não achar que havia competição direta.
Uns clientes nossos em Piracicaba, interior paulista –o casal João e Regina Caldas–, trabalhavam com ambas: ele vendia Gardner; ela, Cacau Show. Na Páscoa de 2002, compraram tanto chocolate que a família teve de sair do apartamento para a mercadoria entrar. Fui lá e propus alugarmos um local para ser a loja deles na frente e o depósito nos fundos. Sugeri que, para compensar o novo custo fixo, os filhos deles trabalhassem no negócio, como aconteceu na minha família. Estruturando isso, eu diria que tenho uma filosofia de controle de custos.
Daí nasceu a primeira loja, depois eles fizeram a segunda, a terceira, e outros distribuidores vieram...E a gente descobriu o canal três em um, que era, na mesma loja, o camarada poder vender direto ao consumidor, atender a vendedora por catálogo e ser distribuidor para o varejo.
A loja Cacau Show continua três em um? 
Não. A marca Gardner foi descontinuada, pela explosão da Cacau Show. Em um único ano, 2008, abrimos quase 300 lojas; hoje são 1.040. Resolvemos focar o que nos interessa mais.

Como você explica a explosão? 
Oferecemos um produto diferenciado a um preço democrático. Fizemos o artesanal em larga escala, com alta produtividade, com foco em tecnologia. Agora, também “surfamos” no crescimento de renda da sociedade.

A receita de sucesso da Cacau ShowSeu cliente é a classe ascendente?
Não rotulamos nossos clientes por classe social; eles são os apaixonados por chocolate em geral.O produto de entrada é a trufa, que custa R$ 1 ou R$ 1,80 a grande. Com ela, o cliente entende: “Com o mesmo dinheiro com que compro um bombom industrial posso comprar uma trufa dessa loja bonita, com a moça bonita me atendendo bem?”. E ele perde o medo da loja.

Explique esse medo, por favor... 
Sete anos atrás, a loja Cacau Show do Shopping D, em São Paulo, não decolava e eu disse: “Põe na vitrine que tem trufa a R$ 1”. Deslanchou As pessoas de menor poder aquisitivo viam lojas especializadas como inacessíveis; agora, essas lojas estão virando um hábito.

Como a loja Cacau Show se diferencia de concorrentes como Kopenhagen e Brasil Cacau, que veio na cola de vocês? 
Nós atendemos a classe C, e também a B e a A. Temos preço competitivo, mas investimos muito em qualidade de chocolate e em design –
 ganhamos oito prêmios de design em 2010 e 2011. Investimos muito em marca: somos top of mind da categoria “lojas de chocolate” pelo Datafolha, com 96% de recall, até na classe A. A gente tem boa performance tanto nas lojas de periferia como nos shoppings sofisticados. Nós resolvemos o dilema dos produtos de consumo e de presente.

Que dilema é esse? 
Se um chocolate é caro demais, ele é comprado só para presente, o que é um problema, porque não dá ticket médio ao lojista. O que conseguimos fazer foi:
• A classe C compra Cacau Show 65% para presente e 35% para consumo.
• A classe B compra nossos produtos com intenções meio a meio.
• A classe A compra 65% para consumo e 35% para presente.

Você tem certeza de o produto ser consumido pela classe A?
Sim, temos vários indicadores disso. Um deles é o de que vendemos, em dezembro de 2010, 2 milhões de panetones a R$ 39,90 cada um. Esse é um preço de classe A, não é?

Nessa filosofia de manter os pés nas duas canoas, a do luxo e a do popular, como as Havaianas, fazia sentido mesmo descontinuar a Gardner? 
Produzimos para terceiros, como marcas próprias de supermercados, aí com o nome IBAC –Indústria Brasileira de Alimentos de Chocolate. Isso, que já é 10% do nosso negócio, faz sentido pela nossa capacidade produtiva, que agora é muito grande.
Na Casa Verde, comprando os terrenos vizinhos, cheguei a ter 5 mil metros quadrados de fábrica. Aqui em Itapevi, vizinha de São Paulo, são 40 mil metros quadrados de área construída. E dá para ampliar turnos de trabalho.
Qual é o horizonte de crescimento?
Enquanto o consumo anual de chocolate na Europa é de 12 quilos per capita, o nosso é de 2 quilos. Então, tem muito para crescer aqui, porque os brasileiros adoram chocolate.

Até no Nordeste? Reza a lenda que lá não se come chocolate... 
Das 10 lojas que mais vendem no nosso sistema, 5 estão lá.

E a internacionalização? Sei que você acaba de voltar da Bélgica... 
Este ano já fui três vezes para a Bélgica e irei mais. Tenho conhecido empresas lá, sim, porque queremos comprar uma este ano ainda.
Há muitas oportunidades para explorar ali. A empresa belga é muito engessada, consegue fazer só um tipo de produto: só chocolate moldado, ou só chocolate coberto, ou só chocolate centrifugado, ou só massa de chocolate. Quem chegar com a flexibilidade de saber fazer tudo terá um potencial de ganho enorme.
A gente faz desde a massa do cacau até o produto acabado em todos os tipos de tecnologia possíveis. Não temos medo da complexidade.
De onde vem tanta flexibilidade? 
A criatividade nasce da escassez. Éramos pequenos, tínhamos uma máquina apenas e nenhum dinheiro, então ficávamos chamando o técnico e adaptando-a para fazer tudo o que precisávamos fazer.

A marca Cacau Show pegaria lá fora?
Não trabalharíamos uma marca Brasil lá fora, só a gestão brasileira.

Você pensa em contrair dívidas para crescer? Abrir capital? Até vender parte da Cacau Show? Sei que tem 97,5% da empresa e seu sócio 2,5%. 
Eu nunca cresço me endividando; sempre reinvisto capital próprio. Meu “barato” é fazer chocolate, então eu me distanciar disso está fora de cogitação. Vejo a abertura de capital com bons olhos, principalmente para perenizar o negócio, só que traz mais complexidade. Estamos acompanhando experiências que incluem canal proprietário de franquias.

Você falou em escassez criadora... E na gestão? Quanto menos gestão, melhor? 
Eu diria que o princípio é o de uma estrutura enxuta. Por exemplo, temos diretoria faz apenas um ano; não havia antes. O nome –bonito– que dou para a estrutura vir depois da receita é de uma empresa “extremamente empreendedora”. Sabe por quê? Porque, para oferecer um negócio com qualidade e bom preço, você tem de ter custos controlados. Somos uma empresa de 1,1 mil funcionários que não tem uma copeira, por exemplo. Cada um que nos visita, você inclusive, tem de pegar a própria água e trazer. Mas pensamos em contratar uma.

Como você trabalha qualidade? 
Com investimento em tecnologia, rigor na escolha de matérias-primas, controle rigoroso e constante, tomando cuidados (por exemplo, abrimos outra fábrica para chocolates diet, sem açúcar, para não haver risco de mistura) e incorporando os últimos conhecimentos na área. Acompanhamos de perto a maior das novidades, que é interferir no sabor do cacau. Procuramos uma fazenda de cacau na Bahia neste momento para comprar e fazer isso. Tenho estudado muito o assunto.

A Cacau Show está verticalizando? 
O objetivo principal não é verticalizar, embora isso não seja ruim em si, e sim mostrar para o consumidor nosso expertise de ponta a ponta e estar à frente nessas pesquisas com fermentação de cacau.

E o design? A apresentação? 
De novo, é a criatividade que vem da escassez. Custava muito caro fazer embalagem com um estúdio de design. Então, chamei um amigo do tempo de vôlei, o Rafael, para vir fazer isso aqui. Compramos um Macintosh de segunda mão e saímos usando. Eu era dupla de criação dele, depois fiquei só num comitê que opina sobre o assunto e hoje até do comitê me expulsaram [risos]. O Rafael está há 15 anos conosco e temos até estúdio de fotografia in house.

E o design do chocolate? 
Eu também fazia dupla com o chocolateiro nisso, porque viajo e trago as referências. Mas hoje sofisticamos muito o processo e temos departamentos de desenvolvimento de produtos e de inteligência competitiva.

E o branding?
Construção de marca, na minha visão, é coerência. Ano após ano, mostramos para o consumidor o que a gente é e quer ser: uma empresa com produtos de alma artesanal feitos em larga escala e com a proposta de ser feliz, alto-astral e democrática. Está no nome: temos de oferecer cacau e show, que é a experiência do consumidor –show no ponto de venda, show no design, show em produtos inovadores... Somos a empresa que mais lança chocolates novos –disparado. A gente põe no mercado 100 novos produtos por ano –uma renovação de metade do meu portfólio de 200–, enquanto a maioria lança três, se tanto.
O bacana é que a gente está passando da fase de ir atrás das tendências da Europa ou dos Estados Unidos para a de criar tendências. Tenho visto coisas fora que a gente já fez há um tempo, como ter embalagens desenhadas por artistas ou fazer sticks salgados cobertos de chocolate.
Mas como se transmite isso aos consumidores? Basta publicidade? 
Não! Há o investimento de mídia –já estamos entre os 100 maiores anunciantes do Brasil– e também nas redes sociais. Há a experiência toda que acontece nas lojas e, cada vez mais, a gente melhora o departamento de treinamento. Para a motivação, eu mesmo vou para as convenções com as vendedoras –brinco que é meu momento Fábio Jr., pois beijo 2 mil mulheres em um dia.

E o Carnaval de 2010? O que foi aquilo em termos de branding, hein?! 
Sabe como surgiu? Fiz um livro lindo sobre chocolate registrando uma expedição de 15 dias, em 2008, por fazendas de cacau do Nordeste, com o fotógrafo Laílson Santos, e enviei para todas as escolas de samba de São Paulo sugerindo o tema; a Rosas de Ouro comprou o projeto. E a Rosas foi a grande vencedora do Carnaval. Cacau Show é alegria, isso tinha tudo a ver conosco. Eu saí em cima do carro alegórico a 5 metros de altura, como destaque, jogando chocolate para a avenida. Foi um desfile emocionante.

Como a Alpargatas enviou Havaianas para as estrelas do Oscar... Você é um daqueles brand leaders “by the book”, Alexandre. A empresa tem a sua cara... 

Nosso diretor de marketing, que veio do varejo e tem seis meses de casa, me disse isto: “Ô, cara, a marca é você, entendeu?”. Ele quis dizer que é o jeito que eu sou e vivo: sem frescura, feliz, analisando o sabor e o custo das coisas.

Não existe mais a venda porta a porta? A Nestlé está fazendo isso agora...
Praticamente não, mas foi uma distribuição importantíssima por 18 anos; foi o que pulverizou a marca.

Você não é mais dupla de criação de chocolates nem de embalagens. Qual é seu papel hoje na empresa? 
Essa é uma pergunta interessante... Acho que uma das virtudes de um empreendedor é entender qual é seu papel em cada momento, porque os papéis mudam; a gente tem de saber se desapegar de um e se preparar para outro. Meu papel atual é o de inspirar e formar as pessoas. Tenho de aprender a delegar, o que não é simples, porque é dar meu filho para outro cuidar.

Dizem que o segredo para envolver as pessoas continua sendo “pão + circo”, remuneração e bom ambiente... É? 
É. No ano gerencial que terminou em abril de 2011, começamos o programa “Excelência Show”, de dar bônus de até oito salários anuais para diretoria, gerência, supervisão e liderança, que é na fábrica. E temos rituais que nos unem, como o almoço de Sexta-Feira Santa, em que cozinho para todos.

*Esta reportagem foi publicada pela Revista HSM Management (br.hsmglobal.com) e no Mundo do Marketing . 

sábado, 4 de junho de 2011

Amigos, este é o disco que eu montei da banda Kaizer Chiefs. Se gostar da seleção e capa, pode adquirí-lo por 7,5 libras, que eu ganho 1 libra de comissão, rs. Caso contrário, faça você mesmo sua seleção de montagem.
Uma idéia GENIAL para calar a boca dos negativistas que dizem ser a internet o fim da indústria da música.
É a primeira vez que compro música na internet e o fiz com prazer devido a brilhante iniciativa da banda, que alías é muito boa.

rubini