sábado, 24 de julho de 2010

Novo portal para pequenas empresas

Jornal Brasil Econômico 19/07/2010 - Simone Cavalcanti


A partir de agosto, os governos poderão contar com mais um instrumento capaz de auxiliar no traçado de políticas públicas direcionadas à melhora do ambiente de negócios de micro e pequenas empresas (MPEs). O MPEData, que está sendo finalizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), será um portal de acesso irrestrito que reunirá 2 mil informações sobre essas companhias além de criar caminhos para estudos mais aprofundados sobre esses dados.


"Com fácil acesso às informações disponíveis será possível concentrar esforços para saber as necessidades regionais e que tipo de trabalho realizar com as empresas", disse Carlos Alberto dos Santos, diretor técnico do Sebrae Nacional.


O novo sistema ainda está em teste, mas o BRASIL ECONÔMICO teve acesso aos dados da intranet que mostram uma radiografia clara das MPEs no global, por divisões estaduais ou de regiões. Por exemplo, das quase 5,8 milhões de companhias de pequeno porte existentes no país, 3,9 milhões são atualmente optantes pelo regime Simples de tributação. Do total, 2,08 milhões empregam 13,027 milhões de pessoas com carteira assinada. As empresas estão concentradas no comércio (3,06 milhões), seguidas por serviços (quase 1,9 milhão) e indústria e construção civil (857,34 mil). Já o número de empreendedores individuais chega a 406,17 mil.


O site mostra ainda que, em 2009, 29,4% de todas as compras governamentais foram feitas de micro e pequenas empresas, totalizando R$14,6 milhões.


Para José Mauro de Morais, especialista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o aprimoramento da apresentação das informações é positivo desde que seja possível também fazer uma ponte que favoreça a formulação de políticas públicas mais ativas, como na área de crédito - cujo acesso é um dos maiores problemas enfrentados pelas companhias desse porte. "Uma das áreas mais importantes para ser trabalhada é a do crédito para investimentos e, mais ainda para os pequenos, do capital de giro", afirmou.


Seria possível, segundo ele, verificar se o crédito conseguido em um determinado ano está abaixo da capacidade de produção. "Se uma empresa produz X e gera Y de empregos, mas o crédito concedido pelo sistema financeiro é menor que X, então estaria havendo um descompasso entre a capacidade de produção e sua necessidade produtiva", explicou, complementando que um tipo de ação governamental nesse caso seria o de impulsionar os financiamentos para as MPEs.


A taxa de sobrevivência das companhias de pequeno porte está aumentando. Do total de empresas abertas em 2005, 78% ainda estavam em funcionamento dois anos depois (último dado disponível). Um avanço significativo frente aos 50% verificados entre 2003 e 2005. Um novo levantamento, que trará as informações sobre o andamento do negócio entre 2007 e 2009, deve sair no segundo semestre deste ano. Os primeiros dois anos são cruciais para definir a sobrevivência de uma MPE.

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