quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Ganho acumulado na Bovespa permanece mais alto do que na Bolsas de NY ou na Nasdaq

SÃO PAULO - Os papéis das empresas brasileiras negociados na Bolsa de Nova York (ADRs) não vão escapar do pessimismo dos investidores.


A
turbulência no mercado acionário deve continuar e a crise americana deve levar mais de um ano para ser depurada. Quem investiu no mercado de ações, para não perder dinheiro, deve ter comportamento de monge budista e esperar por pelo menos um a dois anos para voltar a ter ganhos com seus investimentos em ações. A boa notícia para quem investe em ações no Brasil é que, mesmo com tanta oscilação, o ganho na Bovespa nos últimos seis anos é maior que na Bolsa de Nova York ou na Nasdaq.


Os analistas acham difícil prever até onde o preço das ações pode cair, seja na Bolsa de Nova York ou na Bovespa. A falência do banco de investimento Lehman Brothers e os problemas da seguradora AIG coloca lenha numa fogueira que está longe de se apagar. Quem tem dinheiro para investir não deve, neste momento, procurar os pregões. O melhor é procurar um porto mais seguro.


Em maio, quando estava em 73.000 pontos, o mercado apostava que o Ibovespa poderia romper facilmente a barreira dos 75 mil pontos. Os mais otimistas previam que o índice poderia chegar até a 90.000 pontos. De maio até agora o Ibovespa já caiu 20% e está em cerca de 50.000, o mesmo nível de um ano atrás. E a previsão é de mais queda.


Para o consultor financeiro Carlos Daniel Coradi, da Engenheiros Financeiros Consultores (EFC) as turbulências podem desvalorizar o Ibovespa em
mais 20%.

- Acredito que para que a crise nos EUA seja depurada seja necessário um ano ou mais. Portanto, acho que a Bovespa pode chegar a uma queda de 40% em relação a maio deste ano. Lá fora, a tendência é que os papéis de empresas brasileiras negociados na Bolsa de Nova York (ADRs) também sejam atingidos pelo pessimismo dos investidores - diz o consultor.

Do ponto de vista do investidor brasileiro, o consultor tem uma notícia positiva em relação ao Ibovespa, segundo um cálculo feito por Carlos Coradi.

Desde o início do governo Lula, quem colocou o equivalente a US$ 1 dólar no Ibovespa tem hoje US$ 3. Se tivesse colocado o mesmo dólar na Bolsa
de Nova York, no Índice Dow Jones, teria US$ 1,25 ou US$ 1,50 se tivesse escolhido o Índice Nasdaq. Ou seja, mesmo com as perdas verificadas desde
maio, o mercado brasileiro ainda oferece um bom ganho.

- Quem conhece o mecanismo da Bolsa permanece com o dinheiro aplicado em ações. Certamente, o Brasil será o primeiro lugar que os investidores

estrangeiros virão procurar após a crise amainar. E aí há boas oportunidades de valorização. Agora, aquela pessoa que vendeu carro ou casa e até tomou empréstimo para colocar dinheiro na Bolsa, pode ser melhor realizar o prejuízo porque mais turbulência deve vir por aí - diz Coradi.


Para o investidor que se sente inseguro, Coradi recomenda aplicar no Tesouro Direto (títulos do governo), que deve oferecer um bom rendimento e com segurança.


O economista-chefe do Banco Pátria, Luis Fernando Lopes, lembra que de 2003 a 2007, o Ibovespa ofereceu um ganho médio de 42% ao ano e atraiu
uma série de novos investidores.


- Agora isso acabou. As previsões de um Ibovespa a 75.000 pontos já estão sendo revistas. Chegou a hora de o investidor avaliar se está disposto a
ficar na renda variável. Se não tiver estômago, o melhor é ir para títulos do governo, que oferecem um ganho de até 15%, sem os sobressaltos da renda
variável - diz o economista.


A tendência, na avaliação do economista, é que o governo eleve ainda mais a taxa básica de juros nas próximas reuniões, o que pode melhorar o rendimento dos títulos públicos.


Luis Fernando Lopes acredita que a taxa Selic deve ficar em 15% na maior parte dos meses de 2009 e começar a cair no fim do ano.

De acordo com o economista do Banco Pátria, a crise financeira deve reduzir um pouco o crescimento da economia brasileira este ano - em vez de crescer 5% ou 6%, o país deve crescer 4% -, o que não deve afetar de forma traumática o desempenho das empresas, mesmo com uma elevação da taxa de juros. Para ele, a volatilidade do mercado vai continuar, mas é impossível saber por quanto tempo ela vai durar.


- Hoje não existe condições para prever quanto tempo a crise vai durar.

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