sábado, 22 de dezembro de 2007

A cor do natal

Transforme este natal você também,
faça uma criança feliz neste natal,
seja solidário neste natal...




frases de efeito escondem o lado mais cruel da comemoração cristã. Claro que não me refiro à comemoração do nascimento do filho de Deus, mas à comemoração dos homens de negócios que festejam o crescimento das vendas deste final de 2007 em relação ao mesmo período de 2006.

Das quase 500.000 cartas que os Correios recebem no período de natal com pedidos ao bom velhinho, uma significativa parcela delas pede cestas básicas. Isso denota o desespero de algumas famílias em apelar para que alguém atenda seu pedido na esperança de um natal com comida na mesa. Claro que a maioria das meninas e meninos de 7, 9, 11 anos não as escreveu, e em muitos casos fazem um segundo pedido de que possa ser o de uma boneca ou carrinho, mesmo usados.

Hoje pela manhã assistindo a um jornal televisivo fiquei estarrecido com a linha editorial do sensacionalismo acima de tudo. O repórter entrevistava uma menina de 7 anos não alfabetizada que pedira uma boneca usada e uma cesta básica ao papai Noel, sob os olhares da mãe desempregada e do pai que sobrevive de bicos.


Cena 1: Dentro do barraco de um cômodo o repórter tascou a seguinte pérola:
"Como você acha que vai ser o seu natal?"
Resposta da criança vítima da armadilha: "ah, não sei....mas vai ser bom"

Cena 2: Para fechar com chave de ouro, a câmera se volta para o pai humilhado e com lágrimas nos olhos, talvez pensando na sua impotência diante do apelo massivo do business natalino sobre a mente inocente de sua filha, não esquecendo, claro, daquela musiqueta dramática ao fundo.

Take end.: Outra visita só no natal de 2008, quando novamente uma família será abordada pela solidariedade sazonal natalina

Você colocaria a sua marca em ações sensacionalistas assim?

A sociedade e as empresas devem mudar sua visão do natal e não misturar a comemoração cristã religiosa com problemas sociais; ou seja, as ações comerciais alusivas ao evento festivo de natal nada tem a ver com os problemas sociais de nossa nação. Pobre come, ou deveria comer todos os dias e não na ceia de natal. Fatos como o mencionado anteriormente agrava ainda mais a situação de distanciamento que temos com nossos semelhantes mais necessitados.

Em tempos de responsabilidade social e com cada vez mais empresas engajadas por resultados sociais em seus balanços, nada pode soar mais inquietantemente falso do que ações dessa natureza.

Decerto a ação mencionada é apenas midiática. Não se constrói uma imagem de responsabilidade social dessa forma.

Ações sociais devem ser uma constante e até pode fechar o balanço anual na data do natal.

Planeje um projeto de inclusão social dentro de sua empresa, crie uma paleta da cor vermelha para a sua planilha social que pode começar no branco em janeiro e finalizar o ano, em dezembro, com o vermelho de papai Noel festejando os resultados obtidos pelo esforço sincero de dedicação ao próximo.

Assim, quando o natal chegar será para sua empresa e para os beneficiários de seu projeto, uma data a ser comemorada pelas conquistas diárias e não uma mera festança de calendário. Certamente a confraternização interna da empresa será mais valorizada por esses números.

Paulo Rubini, Consultor de Marketing.

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